14 fevereiro 2018

O Infarto de Plínio Boca de Fossa



O Infarto de Plínio Queixadinha



Plínio Queixada de Araújo, também conhecido em certos círculos como Plínio Boca de Esgoto também é conhecido no prédio onde mora como Plínio Meia Bomba... o apelido ele ganhou de uma empregada da vizinha, uma  que ele paquerou durante anos até que um dia conseguiu adentrar o covil da pantera. Mas era muita areia pro caminhãozinho dele, e a moça além do mais era crente e exigiu que antes de qualquer tratativa ele ouvisse a leitura completa do Livro dos Números,o mais instigante livro da Bíblia, que como se sabe trata do recenseamento número por número da população das doze tribos de Israel no Deserto, duas hora depois contado o último hebreu quando chegou a hora de dizer ao que viera, na hora agá ele bombou. Melhor dizendo não bombou. Ficou meia bomba. Bombé como diziam os antigos. A moça  até tentou usar uma calçadeira, mas nada. Tentou rezar com arruda lembrando seus tempos de terreiro, mas nada.

Um fiasco. Daí a  moça,  contou pra uma amiga, que contou para a patroa, que contou pro marido, que contou na roda de cerveja do play e aí os  três blocos de apartamentos, incluindo o jornaleiro da esquina sabendo quem era  Plínio Meia Bomba.
Na verdade Plínio é um animal pré histórico. Intervenção Militar Já, A natureza determina homem foi feito pra mulher e pronto, nada de diversidade sexual; mas ele diz : não gosto de viados, mas respeito. É eleitor do Bolsonaro, votou  no filho numero 02 para Prefeito; e vai por aí. 

Pois estava Plinio sentado na sua sala a ver pela televisão o desfile das Escolas de Samba quando entra a Paraiso do Tuiuti.
No início ele achou muito interessante aqueles negros acorrentados. “Negro é muito decorativo” disse ele para si mesmo, já  que Plínio viveria na mais completa solidão, não fosse um cachorro depilado que três vezes ao dia ele leva na rua pra prazeirozamente catar a bosta do animal. Prazer gfantástico que preenche sua precariedade intelectual.. Mas à medida que a escola ia evoluindo, a letra do samba...aquelas alegorias...aquelas sugestas político partidárias desfilando na tela da platinada...a pressão de Plínio foi subindo. Correu pra varanda indignado e berrava : Tem que ter escola sem partido! Escola sem Partido! Por isso que Sou  a favor de Escola sem Partido! Ninguém ouviu, o mundo estava de olho pregado aplaudindo a Tuiuti. Começou a girar no meio da sala...não sabia se era a labirintite ou um  exu pedindo passagem...mas o auge foi quando viu aquelas mãos imensas manipulando paneleiros dentro de patinhos amarelos. Aí foi demais, correu ao banheiro a mirar-se no espelho pelas costas para ver se a panela de inox ainda estava bem enfiada no lugar certo, e desabou babando uma gosma patriótica  no chão do corredor. A última coisa que ainda se lembra foi de ver uma constrangida jornalista na tela da tv  e um pessoal atrás cantando vai dar pt vai dar pt.

Seu cachorro, um buldogue francês que é a cara do Heráclito Fortes foi quem o despertou lambendo sua orelha esquerda, a direita ele perdera e não se lembrava onde. Ele tinha uma paranoia: jurava que Leonardo Boff comera sua orelha com grão de bico.
Arrastou-se até o interfone, Waldemiro o porteiro atendeu, mas ele em delírio jurava que estava falando ao telefone com Alexandre Frota:
Me ajuda Alexandre chama uma ambulância.

Está internado na emergência do Hospital Miguel Couto. Chegou insconsciente e foi relatado por suas atribuições  físicas.  A primeira a depor ao policial de plantão oi sua gigantesca hernia que na ficha preencheu o nome como  Janaina a Imprevisível, e de um joanete maior ainda que a hérnia registrado como Ronaldo Fenômeno, eles entre lágrimas explicaram  que Plinio é a favor da intervenção militar. Não por ideologia, mas apenas porque ele se julga parte da caserna. Plínio cursou o Colégio Militar só até a terceira série, mas largou no meio porque fora internado por causa de uma infestação de chatos. Ainda assim Plínio se acha um militar de carreira. Ele diz com orgulho: sou amigo do General Fulano. Mais uma de suas fantasias. Porque na verdade o General Fulano fora colega de turma de Plinio, mas fugia dele como o diabo da cruz, porque ninguém suportava o mau hálito exalado por Plinio Queixadinha, daí um de seus apelidos: Boca de Esgoto.

Não foi o coração, foi prisão de ventre. A panela bloqueou meses de merda e  nenhum médico, nem mesmo os médicos coxinhas se atrevem a tirar a panela dali, pois o Prefeito que agora zela pela segurança da cidade avisou lá de Moscou : pode ocorrer uma fecal explosão apocalíptica.

Um faxineiro do Hospital que desfilara pela Tuiuti deu a solução: se é pra chover merda leva ele pra Brasília e destampa lá.

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