20 novembro 2016

Insegurança e Preconceito

                        Ah, Cidade da Bahia, do alto do Elevador o preconceito te contempla


Minha mulher estava em Salvador, entrou numa lanchonete com nossos dois netos. Em seguida entraram dois jovens adolescentes e sentaram-se em outra mesa. Vale dizer que eram negros.
Imediatamente, o segurança, também negro, veio retirar os dois jovens da lanchonete.
Eles não haviam sequer feito um pedido.
Minha mulher questionou o segurança:

- Porque o senhor está fazendo isso? Porque está tirando eles daqui?
- Porque eles entram aqui e podem roubar as pessoas.
- Mas eles não roubaram ninguém, não fizeram nada, apenas sentaram...eles têm direito de entrar aqui, o senhor não pode fazer isso. Como o senhor pode dizer que são criminosos?
- Eles são todos iguais. Disse o segurança.

Um dos jovens, constrangido, abriu sua mochila e mostrava ao segurança:
- Olha aqui moço, não tem nada roubado aqui. É tudo meu, coisas da escola, coisas pessoais.

Não adiantou. As pessoas nas outras mesas faziam de conta que os dois jovens eram invisíveis e que aquela cena não estava ocorrendo.
A violência do silêncio e da omissão delas é tão forte, ou mais até, que um furto de um pivete de rua.
Minha mulher rendeu-se àquela cena de violência para evitar que ela própria entrasse em conflito de violência maior com o segurança da lanchonete.
Os jovens foram retirados da lanchonete. Não sabemos até hoje se eles queriam apenas tomar um sorvete, ou descansar um pouco sentados ali.
Não roubaram ninguém, não agrediram, não foram violentos. Ao contrário: sofreram a violência diária destinada aos que “são todos iguais”.

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