16 dezembro 2015

Adeus às Ilusões: A Derrota no Brasil e na Guerra Civil Espanhola



O alagoano Otávio Brandão


Minha mulher anda inconsolável com as derrotas que as forças  populares vem sofrendo nas últimas semanas. Se emociona, Não se conforma. Espera sempre por uma vitória. Lembro a ela que muito pior foi a derrota na Guerra Civil Espanhola. Centenas de milhares de  mortos. Stalin fazendo corpo mole, traindo  e sabotando as forças republicanas, Hitler e Mussolini enviando soldados e aviões...depois, 40 anos de Ditadura franquista. A Espanha é pra mim o ponto de referência. Não conheço pior derrota – e traição -  para as massas revolucionárias que as da Espanha.
 Não entra na cabeça da minha mulher que o pacto que Lula conseguiu ao se eleger em 2002 com aquela arreglada “Carta aos Brasileiros” acabou, apodreceu junto com a crise econômica mundial, e que agora os capitalistas não querem mais jogar com o PT. Querem a parte do Leão e o povo que se foda. Acabou a brincadeira. A tal governabilidade foi legal enquanto o dono da bola deixava a gente jogar.
Até parece que minha mulher jamais leu Marx: O Governo burguês nada mais é que um comitê para gerir os negócios burgueses; a Justiça num Sistema Capitalista é uma Justiça de Classe ; e os órgãos da superestrutura do Sistema ( como o PIG) servem ao Sistema. Então eu digo a ela que não tenha ilusões, e relembro uma entrevista dada por Octávio Brandão, eleito vereador pelo PCB em 1947 pelo Rio de Janeiro, falando sobre Prestes e sobre a luta das massas:

- “Sempre que Prestes e os revolucionários pequeno  -burgueses em geral marcharem com as massas,  a frente única das massas, a frente única entre  as massas  e nós estará realizada, de fato. Sempre que os chefes  pequeno-burgueses romperem com as massas, terão  por isto mesmo rompido de fato conosco. Subordinamos  a nossa atitude, perante quaisquer grupos  políticos, aos interesses das massas. ...Empurraremos os revolucionários pequeno-burgueses sempre para frente. Ao mesmo tempo, criticaremos  as suas ilusões e oscilações, e demonstraremos a incapacidade para dirigir as massas na luta. Explicaremos sem cessar  às massas laboriosas que não poderão ser libertas pelos “heróis”, pelos “cavaleiros da esperança”. Só poderão ser libertas por suas próprias organizações revolucionárias, sua própria aliança revolucionária. Explicaremos às  massas que a direção da pequena-burguesia já tem custado muito sangue e muito sofrimento final, as massas foram traídas. Tal direção acarretará sempre novas derrotas e novas traições.” (Extraído do livro de J. R. Guedes de Oliveira).

Claro que Otávio Brandão foi expurgado pela Direção do PCB, relegado ao anonimato e declarado traidor do Partido.
Mas -  eu que tenho nos últimos tempos me abstido de escrever mais  sobre política, ou de estar acirrado na luta (até porque agora é a vez dos moços) - escrevo isto para lembrar que é a luta de massas que transforma a Sociedade, não são os conchavos palacianos, os acordos obscuros (janela aberta à corrupção) , os arreglos com os carrascos.

Assim como o assessor de Bill Clinton disse à ele “-É a economia, seu burro!” eu reafirmo à turma “revolucionária” da gravata e do ar condicionado que deixou chegarmos a este ponto: “É a luta de massas, seus burros!”





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