27 junho 2013

"IDEOLOGIA: EU QUERO UMA PRA VIVER"



As manifestações de protesto continuam. No Rio de Janeiro hoje foram 4 delas. Três foram identificadas porque ocorriam, a quarta ninguém sabia explicar o por quê.

Em Fortaleza, em nome de "Mais Saúde , Copa Não" destruíram, incendiaram e saquearam lojas variadas.
Na web velhos comunistas apoderam-se de Marx em tiradas curtas para pegar carona e justificar a "revolução":

"Os operários não só não devem opor-se aos chamados excessos, aos atos de vingança popular contra indivíduos odiados ou contra edifícios públicos que o povo só possa relembrar com ódio, não somente devem admitir tais atos , mas assumir sua direção."
Primeiro perceber que Marx  fala em "operários" e não em adolescentes raivosos e sem rumo ideológico, muitos deles menores de idade, e todos  sem inserção social outra que não a classe média udenista.

Depois fala em "edifícios públicos odiosos",  e desde quando concessionárias de veículos e lojas da 25 de Março, da Saara, ou anúncios luminosos se enquadram nisso?

Por último fala em "assumir a direção". O que eu vejo é a classe trabalhadora muito preocupada em saber que "direção" tomar pra ir pra casa em paz.

Um caráter destes atos é a ausência de ideologia. E nisso sou marxista também: quem não manifesta sua ideologia é porque já adotou a ideologia dominante como sua.

As pautas imediatistas apresentadas - que vão de "tarifa zero" até "por menos ar no saco de batatas fritas" -  tais pautas o Sistema pode absorver com facilidade, e cooptar pouco e pouco os atos públicos apenas raivosos e não revolucionário. Como aliás fez o Congresso Nacional nos últimos dias.

Acabo de receber de tucanos e fascistóides uma convocação de Greve Geral para o dia 01 de julho.

Aprendi na luta que a greve pressupõe o mais alto grau de organização dos TRABALHADORES contra os patrões, e a Greve Geral é o auge desta luta.

Mas Greve Geral da Classe Média contra o Congresso que o povo elege a cada 4 anos em plena democracia? Gritando palavras de ordem moralistas como bons udenistas de antanho,  sem quem diga claramente qual a estratégia dos protestos?

Não podemos nos deixar seduzir pelas manifestações só porque elas ocorrem. Temos que entender o caráter delas e aonde levam.

Eu , que estive há muitos anos na Venezuela não entendia até agora como os estudantes universitários de lá, que conheci como  trincheira na luta contra a Direita, haviam transformado-se em vozes contra a Revolução Bolivariana.

Ao ver os jovens de classe média gritando nas ruas do Brasil,  sem rumo ideológico, sem participação dos trabalhadores, sem lideranças identificadas com as causas populares, reconhecidas e provadas na lutas da Sociedade Civil passei a entender o que se passa na Venezuela.Muito embora a situação econômica e histórica de Brasil e Venezuela sejam diferentes, quando não se define a ideologia revolucionária se é presa fácil da Direita.

Dia 11 de julho as Centrais Sindicais, a UNE e demais Movimentos Sociais  -  estes sim reconhecidamente históricos nas lutas do povo brasileiro - estão convocando manifestações em todo o País.

Espero que se ponha ordem no terreiro e que sob lideranças claras o que houver de "coxinhas", de neo-udenistas, de golpistas, de fascistas e de lumpesinato nas atuais manifestações seja definitivamente varrido para  onde nunca deverial ter ousado sair: o lixo da História.  




3 comentários:

  1. Parabéns Bemvindo, ótimo texto. Vou compartilhá-lo no facebook.

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  2. Obrigado Luiz Brasileiro

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  3. Excelente post, como usual, Bemvindo. Mas, convenhamos, acho que devemos fazer um [i]mea culpa[/i]. Estamos há dez anos no governo. Não poderiamos ter dado a essas crianças um conhecimento mínimo de história e política para que elas não cometam erros tão básicos?

    Em minha opinião, o maior erro do governo do PT não foi exagerar com a tal "governabilidade". Mas, sim, não ter investido em educação (no sentido mais amplo do termo), de forma a aumentar a quantidade de cidadãos críticos. Se me perdoa o chavão, mas educação é sim a revolução silenciosa e sutil. Muito mais fácil de fazer do que a democratização da mídia. Quem sabe, se tivéssemos investido mais em educação, não teríamos uma multidão à porta do congresso exigindo democratização da mídia e financiamento público de campanhas, e não essa multidão de zumbis sem qualquer foco ou rumo.

    Abraços!

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