11 fevereiro 2013

A Democracia no Carnaval de Rua do Rio

bols O Democrático e Acessível Carnaval de Rua do Rio
Bola Preta: 1.800.000 foliões na rua. Gradil de proteção mal planejado atrapalhou dispersão do Bloco e colocou em risco a segurança dos foliões.

Em boa hora um Decreto da Prefeitura do Rio procura regular e defender o direito democrático da população brincar seu carnaval em blocos de ruas como sempre foi tradição carioca.

Fui fundador do Bloco Mel , em Salvador, em 1983. Numa época em que tranformação do carnaval de rua baiano engatinhava.

De lá pra cá o comércio do carnaval da Bahia e suas micaretas, tomou proporções gigantescas.
Transformando espaços públicos em privados, e vips; estabelecendo currais, cordinhas etc. etc. que tem por objetivo excluir quem não pagar preços cada vez mais inacessíveis por abadás e camisetas.

A comercialização é tamanha na Bahia que até os outrora combativos presidentes de Grêmios estudantis hoje em boa parte são cooptados por dirigente de blocos para vender abadás aos colegas de escola.
Há teses de mestrado sobre isto que me chegaram ás mãos.
Alguns Grêmios passam a ser uma extensão deste comércio.
Ser Presidente de Grêmio pode ter virado um negócio lucrativo, onde antes era cultural e ideológico.

A estrutura dos blocos baianos possui a mesma estrutura do antigo Partido facista italiano: um líder que delega poder a "capitães", que delegam a "sargentos! , e estes sim comandam a "tropa".
Uma estrutura verticalizada de dominação e poder. O Presidente do Bloco ( ou Presidenta ) , a Diretoria (capitães) e os vendedores (sargentos).

Isto não pode acontecer na tradição carioca.

Mas, por outro lado há que se pensar na sobrevivência dos blocos cariocas.

Verbas, financiamentos públicos e privados, apoio logístico etc. etc. tem que ser pensados para esse carnaval de rua que voltou com toda a força nos últimos anos ma Cidade que é Maravilhosa.

Por exemplo: na esteira que leva à comercialização há o Corpo de Bombeiros exigindo dos blocos ambulâncias, médicos, paramédicos,enfermeiros, balões de oxigênio etc. etc..
Mas, se a rua é espaço público, da polis, e os blocos não são comerciais, competiria à Prefeitura cumprir a exigência da presença nas ruas de ambulâncias, médicos... enfim toda esta parafernália que com muita justiça o Corpo de Bombeiros pede.

Mais e sempre mais banheiros públicos; mais e mais segurança pública para evitar assaltos e dar proteção aos foliões nas vias...e por aí vai.

Se é justo o Decreto da Prefeitura garantindo a democratização do carnaval de rua, proibindo cordinhas e áreas vips, por outro lado passa a ser obrigação do Poder Público se organizar para atender às demandas dos cidadãos que estão nas ruas brincando sob a proteção das autoridades.

A Bahia teve suas razões e condições que levaram á comercialização do carnaval de rua ao nível que chegou.

O Rio tem condições diferentes e pode ter caminhos diferentes da Bahia, garantindo a democracia e o acesso fácil à diversão a toda a população, sem discriminação e exclusão. Mas para isto a Prefeitura tem que repensar e se preparar para essa nova e brilhante fase do carnaval carioca.

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